A viagem...
...Manhã. 8h37. Chega o comboio. Encontro-me no meio de uma massa que me arrasta para dentro da carruagem. Como é fria, cinzenta e dura... As caras observam-me com um semblante cerrado. Não tenho como fugir aqueles olhares sonolentos e gélidos, como que a querer-me enfeitiçar.
E então chega o sol das janelas! Estamos na ponte! Com o seu calor, ganho coragem e atrevimento para tentar quebrar o feitiço que quase me colocaram. Tento salvar alguém, sorrindo... Acto inútil! Tento fugir a todo aquele universo sobrio e sonolento. Vejo aquela cidade
à beira rio plantada e o seu reflexo no rio... Como é bela! Como podem todos estar a ignorar aquela visão?!?! Controlo a posição dos monstros. Estão distantes e mantêm-se frios... Como é que conseguem perante tal beleza?!?!Eu agarro-me com todas as minhas forças... e luto e
luto para aproveitar ao máximo aquele poder e aquela energia.
De repente, estou de volta! Que visão demolidora eu obtenho da massa gélida. "Só tenho que aguentar uns minutos", digo para mim mesmo, "... Resiste... Não te deixes abater... Não te deixes levar por...". Descubro em mim a energia que acumulei daquele mundo belo e resisto... resisto!Eis sinto, de novo, a força gélida. A massa está movimentar-se. A luta é intensa. Consegui... estou cá fora! A alegria enche-me, e digo para mim mesmo com satisfação: "Sobrevivi mais um dia!".
...Mais uma viagem de comboio pela manhã. Cheguei a Entrecampos...
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