A classe política portuguesa

Existirá alguma classe, sindicato, ordem ou o que seja que apresente maior corporativismo em Portugal que a classe política?

É ridículo a forma como se atropelam uns aos outros para defenderem o seu par, para atacar quem ousa criticar os "deuses", os magnatas de influências que são os políticos hoje em dia. O estranho é ver, passados uns minutos, o manancial de criticas que lançam contra aqueles que acabaram de defender.

Ora isto leva-me a pensar na pouca consideração que essa gente tem para com quem os colocou na posição onde estão.A nossa opinião significa assim tão pouco para eles?O pior é que entregamos todo o poder, todo o passado, todo o presente e todo o futuro das nossas vidas e consequentemente de Portugal nas mãos destes senhores. É por saberem que detêm esse poder, esse passado, esse presente e esse futuro que julgam nas suas pobres cabecinhas: "Eu sou o supra-sumo da razão e aí de quem me ouse criticar, a mim ou aos meus pares! Não admitirei ao
povo, que nada sabe, a critica ou o julgamento das minhas acções!". Mesmo que os eleitores queiram avaliar ou opinar sobre o desempenho das pessoas que elegeram para ter o poder, o controlo de Portugal não existe forma de o fazer ou então se existe, são colocados todo o tipo de entraves de forma a que torne quase impossível todo o processo. Quando se quer que uma coisa aconteça, não se colocam entraves à sua realização. É tão simples quanto isso!

No entanto a culpa não é só dessa gente, que se auto-denomina políticos. Metade da culpa é toda nossa, do povo que elege, que tem o poder de decisão mas que simplesmente não tem consciência disso e está pouco se importando com isso. Isso está bem claro na taxa de abstenção que todos os actos políticos em Portugal apresentam. É claro que a "classe política" e o seu comportamento em nada ajudam a modificar esta situação. Mas também por que o farão? Não será mais conviniente assim? Desta forma quanto menos atenções chamarem a si, melhor poderam fazer o que for preciso para protejer o seu umbigo e os seus interesses.Não deixo de afirmar que metade da culpa continua a ser nossa, pois apesar de tudo, somos nós que teremos de nos manifestar a dizer que não estamos de acordo, que estamos contra o comportamento de quem elegemos. Por mais estranho que possa parecer a algumas cabecinhas, somos nós os avaliadores, os fiscais dos políticos. Apenas nos temos esquecido desse pormenor. Se não nos dão os meios próprios para podermos efectuar a nossa obrigação de fiscalizar quem comanda os destinos do nosso país, temos que lutar para os obter criando movimentos cívicos. Mas atenção que para isso não basta somente duas ou três pessoas. Será preciso o envolvimento de todos para que finalmente se possa efectuar o nosso dever de cidadãos: votar com responsabilidade e fiscalizar quem elegemos com esse voto!

Chamo a atenção para um detalhe importante. Com isto não quero dizer que serão todos iguais. Nem devem todos apanhar por tabela. O problema é que os bons, honestos, que realmente está na política para representar a voz do povo, acabam sufocados no meio de tanta poluição que preenche a política em Portugal.